Conta-se que um jovem pastor queria muito tornar-se discípulo de um dos grandes filósofos de Atenas, a cidade da sabedoria. Quando soube do seu intento, o filósofo mandou um ajudante procurá-lo para propor-lhe uma difícil tarefa: durante três anos, ele seria obrigado a não expressar suas emoções negativas. Ao fazer isso, devia olhar para o que ocorria dentro de si. Além disso, devia dar três moedas a cada pessoa que o ofendesse. Durante esse tempo, o pastor cumpriu sua tarefa: a cada inveja, a cada raiva ou angústia, fechava a boca e olhava para seu mundo interno, cada vez mais consciente do seu caldeirão. Aos poucos, aprendeu a não se identificar com o que era dito, a conhecer melhor seus mecanismos emocionais e a rir de si mesmo. Ao mesmo tempo, não se esquecia de dar as três moedas a quem o xingasse ou o ofendesse. No fim do período, arrumou suas coisas e partiu rumo à cidade da filosofia. Ao passar pela entrada, um mendigo, na verdade o filósofo disfarçado, começou a xingá-lo: “Idiota, pastor de cabras ignorante e pretensioso, onde pensas que vais? Esta cidade é só para quem atingiu a sabedoria, e não para alguém imprestável como tu!” O jovem caiu na gargalhada e disse: “Até há alguns dias eu era obrigado a pagar a quem me ofendesse. Agora que estou livre desse compromisso, que maravilha, posso receber seus xingamentos inteiramente de graça...” O filósofo aprumou-se, sorriu e disse: “Pode entrar, meu rapaz. Atenas é sua”.
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