... Outro dia meu Prof contou essa historinha na sala e achei uma grande lição de vida e estou compartilhando:
(sabedoria budista)
Olhando por um buraco da parede o ratinho viu que os donos da casa tinham comprado uma caixa grande. Ficou muito curioso e pensou:
- O que será que tem ali de bom para eu comer? Quando olhou mais atentamente, notou que o embrulho continha uma ratoeira.
O ratinho ficou preocupado, afinal uma ratoeira é para pegar ratos e eu sou um rato... Ato contínuo saiu correndo e no caminho encontrou com a galinha; apressado, falou:
- Nós estamos correndo um sério risco! Os donos da casa compraram uma ratoeira. Como vamos resolver esse problema?
A galinha respondeu:
- Não vejo nenhum problema. Nunca vi alguém pegar galinhas com ratoeira. O senhor é quem deve estar um pouco preocupado, até porque eu não fico lá dentro da casa comendo a comida deles, nem fico me esgueirando pelos cantos. Sou uma pessoa importante nesta casa, eu dou ovos diariamente.
E, assim falando, saiu toda imponente ciscando o chão.
O rato viu que não tinha jeito de convencê-la e saiu correndo em desabalada carreira. Correu, correu e encontrou-se com o porco. Quase sem fôlego falou:
- Olha, o problema é bastante sério, compraram uma ratoeira! O que é que a gente vai fazer?!... A galinha nem ligou...
O porco pensou um pouco e depois respondeu:
- Meu amigo, o que é que eu tenho com isso? Eu fico quase o dia todo preso no cercado! Além do mais, o porco é — dentro do reino animal — um bicho importante, quase que reverenciado! Eles precisam de mim, não vê como sou bem alimentado? E ninguém pega porco com uma ratoeira... O senhor é que deve estar preocupado. Vou fazer o seguinte: sempre que eu rezar vou pedir por você, orando que sua morte seja rápida...
Desesperado o rato continuou correndo e encontrou-se com a vaca que descansava debaixo de uma árvore frondosa. Chegou perto dela mais cauteloso e falou:
- Senhora vaca, compraram uma ratoeira! A fazenda toda corre risco! Eu falei para a galinha, mas ela nem ligou. O porco riu de mim... E quanto à senhora, pretende fazer o quê?
Respondeu a vaca:
- Eu??? E eu tenho alguma coisa a ver com uma ratoeira? Nunca ouvi falar que uma vaca tenha sofrido algum tipo de constrangimento por uma ratoeira! Acho que o preocupado aqui é você... Eu não tenho nada com isso! Se eu fosse você corria e me escondia. Onde já se viu uma vaca ter medo de uma ratoeira, logo o bicho mais importante do reino animal...
E o rato então, preocupado e sem ninguém para ajudar, escondeu-se num cantinho e lá ficou quieto. Nesta noite ouviu-se um grande barulho. A ratoeira tinha funcionado... Os donos da casa se levantaram. A senhora foi rápido, no escuro, para matar o que houvesse sido preso. A ratoeira pegara uma cobra pelo rabo; era uma cobra muito venenosa e o bicho, vivinho da silva, picou a mão da senhora. E ela começou a ficar muito doente, com muita febre. Seu marido, preocupado porque ela estava com muita febre, mandou matar a galinha e fazer uma boa canja. Uma canja bem grossa é ótima quando a pessoa está com febre. Mas a senhora não melhorava e teve que ser hospitalizada. Ficou no hospital durante uma semana. Vários parentes e amigos vieram visitá-la. O marido, sem saber como alimentar toda aquela gente que não parava de chegar, mandou matar o porco. Infelizmente, após uma semana senhora veio a falecer. A despesa com o enterro foi muito grande, e o marido viu-se forçado a matar a vaca e vender todos os pedaços para honrar os compromissos assumidos com o falecimento.
Então, a pergunta que devemos nos fazer é:
- Até quando vamos achar que aquele acontecimento ou aquela pessoa não tem nada a ver com a gente, não tem nenhum parentesco, não tem nenhum elo, não tem nenhuma proximidade? Será que não percebemos que tudo e todos são totalmente interdependentes?
Então, quando alguém comprar uma ratoeira, prestem muita atenção... Pode acabar interferindo na sua vida!
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