A vida é um presente, que devemos saber aproveitar ao máximo. Hoje é muito comum vermos por aí, uma onda gigante de transtornos psicológicos, decorrentes da vida moderna; hoje vivemos mais, mas sofremos mais, sofrimento emocional; sofrimento esse que infelizmente exames laboratóriais ou eletrocardiogramas ou eletroencefalograma, etc..., não detectam. São sofrimentos íntimos, expressos pelo corpo e pela fala, difíceis de diagnósticar. Muitas vezes, o sofredor não sabe falar muito bem sobre seu sofrimento, a origem, a frequência, a intensidade, algumas vezes não consegue encontrar palavras para expressar suas angústias, seus medos, sua solidão. Muitos acabam desistindo, apagando de si mesmos a vida, a apatia ganha espaço e a vida perde o sentido. Aqueles que procuram ajuda especializada, infelizmente acabam recebendo algum tipo de diagnóstico, muitas vezes um rótulo, que só servirá como "bengala", onde o sofredor vai apoiar as poucas energias, em busca de remédios que lhe aliviaram as angústias, mas na verdade, apenas estarão lhe tirando ainda mais as energias.
Acredito muito no potencial humano de auto-curar-se, ou auto-regular-se, frente as adversidades encontradas, infelizmente, a vida moderna tem nós deixado preguiçosos, digamos assim, inclusive para procurar em nós mesmos os meios de nós livrarmos de nossos sofrimentos; é mais fácil aceitar o diagnóstico, tomar os remédios receitados, ser um coitado, excluir-se em seu sofrimento, deixar de ser um ser humano, para ser uma doença, e esconder-se atrás de seu diagnóstico, sem esperança de um dia poder ter uma vida construtiva e feliz. Existe um termo muito conhecido, chamado resiliência, que no meu entendimento deveria ser ensinado nas escolas, já que infelizmente temos deixado de desenvolver essa capacidade naturalmente. Todos nós em maior ou menor grau somos resilientes, e é necessário que essa capacidade seja exercitada sempre, afim de que possamos superar as adversidades encontradas ao longo de nossa jornada de vida. Em tempos de tantas catástrofes, violência, epidemias como os de hoje em dia, ser resiliente é imprescindivel para manter a saúde mental.
Se todo cidadão que perde o emprego, ou que é xingado pelo pai, ou que foi um dia assaltado, ou que sofreu um grave acidente de trânsito e ficou inválido, ou ainda que não encontrou marido ideal e teve filhos, surtar, imagine o grande caos que se tornariam as enfermarias psiquiátricas pelo mundo.
A moda atual é tomar Fluoxicetina, Aprazolan, e tantos outros ansiolíticos, a moda é ter depressão, transtorno do pânico, fobias; não estou banalizando esses transtornos, ou o uso desses remédios, mas acredito que muitos desses diagnósticos, são diagnósticos equivocados, e muitos que tomam remédios como esses, acabam se tornando dependentes deles, quando na verdade nunca tiveram a necessidade de um só comprimido.
A grande necessidade do mundo é de carinho, atenção, afeto; ouvidos cuidadosos, mãos estendidas, acolhimento; o maior problema é o individualismo, o egoísmo, de certa forma a própria vida moderna. Os pais não tem tempo para os filhos, os filhos não tem tempo para seus pais, os filhos já não tem tempo para pensar em filhos, querem viver sozinhos, ter a independência, conquistar o seu espaço, quando algumas vezes ainda não estão preparados para o primeiro tombo.
Os profissionais hoje, não são como os profissionais de antigamente, médicos de família, por exemplo, hoje é dificil encontrar um, pelos hospitais temos médicos apressados, descuidados, capitalistas, digamos assim, preocupados com os honorários, com o carro novo, com a casa na praia; quando seu pensamento deveria estar voltado para o enfermo que o procura, com dores, com medos, com angústias; enfermo esse que tem um nome, uma família, uma enfermidade.
É comum o descaso dos profissionais, quem já marcou um consulta, particular mesmo, daquelas que agendamos com antecedencia, pagamos prontamente, e o médico atrasa mais de duas horas para iniciar a consulta, fica com você durante no máximo quinze minutos, ouve nem metade de suas queixas e te prescreve remédios controlados, que mudaram ainda mais seu humor, e muitas vezes explicam quase nada sobre o remédio. É comum, muito comum. Já vi pessoas em consultório de neurologista, aguardando duas horas e meia e começar a chorar, quando atenciosamente procuro saber o motivo das lágrimas tenho a triste constatação, "Tenho Transtorno de Ansiedade Generalizada, e estou começando ter uma crise, estou esperando aqui tem duas horas e meia pelo médico". Jamais um médico poderia deixar tal paciente aguardando tanto tempo, tendo em vista seu diagóstico, que o próprio médico rotulou.
Onde quero chegar com tantas constatações, quero chegar na vida, na vida que muitos abandonaram, da vida saudável, da vida construtiva, da vida social, da vida em família, da vida em todos os seus aspectos bons, verdadeiramente importantes, que muitos deixam escondidos, esquecidos por trás de sofrimentos que parecem infindavéis. Venho aqui para dizer: Não existe dor que nunca acabe, e está dentro de você mesmo o poder para viver essa grande verdade.
Por mais tortuoso que seu caminho tenha sido, sempre se pode encontrar as flores; mesmo aquela singela criatura, que chorava iniciando uma crise de ansiedade, na espera torturante, mesmo ela, pode encontrar as flores, onde nenhuma espera é torturante; basta apenas ela encontrar a ela mesma, encontrar quem ela é de verdade, sem rótulos médicos. Não é tarefa fácil, mas é tarefa possível.
A vida te espera, sempre; acredite em si mesmo, acredite que nenhuma dor é grande demais, quando você acredita que ela pode findar!
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