Daí repentinamente a chuva começou a cair, como se viesse limpar a rua, veio forte, eu só conseguia pensar numa taça de vinho, era isso que combinaria mais com uma noite de domingo chuvosa. Sentei então no meu cantinho preferido, junto a porta, para olhar a chuva molhar a rua, com a minha taça de vinho, olhava a luz amarela do poste e as gotas de água que por ela eram iluminadas, olhava a rua, aquelas pedras de paralelepípedo recebendo a chuva, transformando o tocar de cada gota em uma sinfonia harmoniosa, com direito ao acompanhamento de alguns trovões. Para alguns, talvez, essa imagem pareça um pouco assustadora, para outros pode parecer romântico, para mim parecia a oportunidade perfeita para refletir. Gosto de olhar a chuva, de ouvir a chuva, de sentir a chuva, é como se por alguns momentos o céu pudesse se derreter em lágrimas, é a natureza falando, renovando a vida sob a terra.
Quando nossos olhos se enchem de água, é porque emoções foram evocadas, é porque algo nos sensibilizou, por isso pensar que o céu se derreteu em lágrimas me leva a pensar nesse momento de emoção que faz gotas nascerem dos nossos olhos. Junto a minha taça de vinho, refleti, me coloquei a pensar nas coisas pequenas que deixamos de olhar, de dar atenção, de sentir. Pensei também na importância de deixar que rolem essas lágrimas, e no sentimento de renovação que vem depois do aguaceiro.
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