sábado, 30 de maio de 2015

Cada um tem um mundo em si

O Sol, estrela central de nossa galáxia ilumina, aquece e permite que exista vida em nosso planeta, se não fosse a existência dessa estrela tão importante, nossa humanidade não existiria. 
E assim também somos nós, cada um é um Sol, um ponto de luz na humanidade, mas também é um planeta, ou seja, não podemos acreditar que viveríamos se não fosse a existência de outras pessoas, com seus mundos particulares transitando pra lá e pra cá, ao nosso redor. 
Muitos pensam que são o centro do universo, quando na realidade são apenas uma pequena parte do todo, que seria diferente sem as suas existências. A maneira como cada ser humano se relaciona com o outro produz uma espécie de força sobre cada um. 
Tem pessoas que se importam demasiadamente com a maneira que as outras pessoas as trata, criando uma gama de fantasias, improdutivas. Poderíamos descrever essas pessoas como aquelas que não se entendem como planeta, apenas como Sol. Como se tudo que acontece no universo estivesse acontecendo em função apenas dela mesmo. Se recebe um elogio, desconfia; criticas são como facadas traiçoeiras; e tudo de bom que acontece com elas é escondido para que os outros não sintam inveja. Assim, afastam todos os outros seres de seus sucessos, e participa com as outras pessoas apenas as suas desgraças. Depois queixa-se porque as pessoas vão se afastando, desfazendo vínculos com elas, enfraquecendo suas relações.
E não é possível viver sozinho, não é possível ser saudável, física e psicologicamente sem ter pessoas por perto, não é possível viver sem um Sol. Por isso é importante saber ser planeta, respeitar e valorizar as relações humanas. Compreender que as mazelas da vida não são infortúnio único, os mesmos pesares que um vive, um outro pode estar vivendo. A saúde começa quando existe bem estar, e o bem estar existe quando os olhares alheios são recebidos calorosamente, quando eles ficam próximos e não afastados. 
Se alguém vive se sentindo vítima da vida, é por que se colocou nessa posição, e as outras pessoas não tem culpa, porque elas apenas estão vivendo suas próprias vidas da maneira que sabem, que aprenderam. Vitorioso é aquele que usa dos seus problemas para produzir soluções, e não para criar monstros. 
Nossa existência nessa vida consiste em aprendermos a sermos melhores a cada dia, pois assim participaremos juntos de um avanço, porque tudo de bom que eu faço, contamina quem está próximo, assim é muito natural ver pessoas prósperas junto de pessoas prósperas, e pessoas queixosas junto de pessoas que não conseguem levar a vida para um outro degrau. 
A maneira como nos relacionamos com as outras pessoas é um parâmetro para medir nosso grau de satisfação na vida. Não pense que o mundo gira ao seu redor, você também está em movimento. Movimente-se para o aprimoramento, não lamente-se, ou sofra, pelos olhares alheios, mude o seu olhar sobre eles. 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Caminhos da floresta (Into the woods - 2014)


Caminhos da Floresta me surpreendeu, o filme (musical) entrelaça histórias bem conhecidas de nossa infância, Chapeuzinho Vermelho, João e o pé de feijão, Cinderela, Rapunzel, mas não é um filme para criança. A revista Crescer trouxe um texto bem descritivo sobre o filme e fale a pena ler
O filme mostra uma realidade diferente daquela original desses personagens dos contos de fadas, na verdade mostra o depois do "felizes para sempre". Me aborreci ao ver uma Cinderela tão indecisa, mas não somos confusas quando o assunto é a escolha do nosso "amor verdadeiro", estamos em muitos momentos nos sabotando, fugindo de nossa felicidade, por medo dela não ser realmente aquilo que esperamos para nós, e o filme mostra isso, o príncipe nem sempre é o "príncipe" idealizado. Nesse caso era um homem que nasceu para ser galanteador, mas infiel. A doce chapeuzinho vermelho era uma comilona, que apesar de conhecer o perigo e reconhecer os conselhos de sua mãe deixou-se levar em sua inocência, falando demais com estranhos, e pela curiosidade, e pela vontade de conhecer coisas novas. Nem sempre ouvimos nossos pais, mas as crianças estão aprendendo, elas vão errar também, e como a própria menina disse: "Legal, não é o mesmo que bom", por isso deve estar preparada, e vai aprendendo com os erros também. 
João podia não ser tão esperto aos olhos de sua mãe, só queria salvar sua amiga, a vaca branquinha, mas ele era muito corajoso, com os feijões mágicos conheceu um mundo de gigantes, e trouxe de lá riquezas para reaver sua amiga vendida ao padeiro. Foi tolo ao aceitar o desafio de Chapeuzinho Vermelho, provando que poderia trazer a harpa do gigante lá do céu. E ele pagou um preço bem alto pelo "roubo", trouxe conforto à mãe, venceu o desafio, mas foi o ouro que também desfez seu "felizes para sempre", apesar de corajosamente cortar o pé de feijão gigante sozinho, matando o gigante que o procurava, um feijão germinou trazendo uma senhora gigante muito furiosa, que destruiu tudo, e nessa desordem deixou o pequeno João órfão. 
A bruxa que aprisionava Rapunzel queria que a jovem fosse uma criança para sempre, sempre dependendo de sua proteção. A puniu pela desobediência, por não seguir seus desejos, enviando ela para o pântano, sozinha. Tentando ensinar a ela algo com essa punição, como tantos de nós fazemos, acreditando ser a punição a melhor lição. Isso só a afastou definitivamente da menina. 
E nesse enredo diferente, todos viram seu "Felizes para Sempre" desconstruído, pela realidade de que a vida é construída por nossos desejos, mas devemos tomar cuidado com o que desejamos. 
Nesse entrelaçamento de histórias verificamos o quanto somos todos ligados, a vida de um está ligada à do outro, interferimos na vida de pessoas que nem conhecemos. A maldição sobre a casa do padeiro, que impedia ele e sua esposa de serem pais, afetou a história de todos esses outros personagens, havendo até um envolvimento entre a mulher do padeiro e o príncipe da Cinderela, que se encontraram na floresta e viveram um momento de flerte. Talvez o deslize da mulher do padeiro aconteceu como consequência de sua traição (caiu do barranco e morreu), um segredo guardado pelas árvores da floresta, e que morreu com ela. Cinderela soube de tudo através de seus pássaros, mas soube que não poderia viver em meio a infidelidade, preferiria a vida humilde. 
Na floresta muitas coisas foram aprendidas, muitas decisões foram tomadas, e as consequências do caminho que os levou até ali foram refletidas. Seguiram suas vidas, compreendo que não estavam sós, tinham um ao outro. E o nosso conto de fadas talvez seja esse, desejar o melhor, e fazer do que nos acontece o melhor, mesmo não sendo como realmente desejamos no início. 


Cuidado com o que você diz, as crianças vão ouvir. 
Cuidado com o que faz, as crianças verão e aprenderão.
As crianças olharão para você por cada caminho que for.
Para aprender o que serão.
Cuidado ao dizer: "Escute-me"
As crianças ouvirão.
Cuidado com o que deseja. 
Desejos são como crianças 
Cuidado com o rumo que eles tomam
Desejos não se realizam de graça...
Cuidado com as palavras que você lança.
Não somente sobre as crianças.
Às vezes o poder dessas palavras pode durar.
Mais do que se imagina e se virar contra você.
Cuidado com a história que você conta essa é a magia.
As crianças ouvirão. 





quarta-feira, 20 de maio de 2015

Reflexão sobre relacionamentos.

Ainda enquanto estudante, assistia uma aula de uma disciplina relacionada à terapia de casais, e a professora muito experiente disse que o que faz um relacionamento dar certo é o "esforço" e isso parecia para mim muito evidente. A sociedade em que vivemos atualmente é uma sociedade que está muito preocupada com a autosuficiência, ou seja, as pessoas estão muito mais interessadas em suas vidas profissionais, e em se tornarem independentes, por isso postergam o envolvimento afetivo, ou colocam ele em segundo plano. Quando se envolvem procuram por relacionamentos "perfeitos", ou "idealizados", essa exigência frusta a pessoa quando aparecem os primeiros conflitos na relação. 
Como tudo hoje em dia é fácil de trocar, ou substituir, muitas pessoas levam esse comportamento para os relacionamentos, quando o relacionamento não está legal, quando os conflitos ficam difíceis de serem contornados o mais fácil é o caminho da troca, o famoso "a fila anda". Não somos objetos por isso essas trocas constantes provocam grande desgaste emocional. 
Devemos considerar que somos seres humanos, e são as relações interpessoais que nos possibilitam aprendizagem e evolução. O caminho mais fácil nem sempre é o melhor caminho. O esforço em promover um relacionamento saudável é um ingrediente importante quando se procura pelo sucesso. Cada indivíduo é um mundo particular e único, nem sempre as pessoas compartilham das mesmas ideias ou ideias, encontrar um termo em comum, um norte para a relação é fundamental para por no eixo relações conflituosas. O diálogo ainda é um dos melhores remédios, esforçar-se para manter um diálogo construtivo faz parte da receita para a felicidade. 
Quem já passou por momentos difíceis e achou mais fácil por fim à relação? É comum encontrar relato de pessoas que dizem se esforçar mas ainda assim não ver saída que não seja o fim do relacionamento. Quando o amor acaba, fica muito mais complicado, e é um indicativo que incompatibilidade é muito grande, e o termino da relação seja o caminho mais adequado, mas se existe amor, existe a possibilidade de resgatar o elo entre o casal. Como identificar a existência do amor é um pouco complexo, exige que ambas as partes identifique sentimentos que torne a outra pessoa alguém que elas desejam em sua história pessoal. Em algum momento quando se escolheram muitos sentimentos desabrocharam, buscar pelos pontos que uniram o casal, e pensar se esses pontos existem ainda, ou existe a possibilidade de voltarem a existir é um caminho para identificar se ainda existe chances de esforçar-se.
Somos seres em constante aprimoramento, aprendemos todos os dias coisas novas, e por isso mudamos constantemente, algumas mudanças exigem tempo, assim como os conflitos se instalam vagarosamente a implantação de resoluções também acompanha um processo que pode ser lento, o que mede esse processo é o desejo mútuo pela busca do equilíbrio e harmonia que foram em algum momento quebrado. 
Se você identifica pontos que foram perdidos durante o tempo, desgastados em sua relação, procure identificar o que causou esse desgaste, se foram os problemas cotidianos, se foram as preocupações financeiras, a rotina, os filhos, amigos ou parentes, ou se foi algum problema pontual por que passou seu companheiro, ou mesmo você. Reflita sobre a importância do esforço, do diálogo aberto e sincero, e busque por mudanças construtivas, não pelo caminho do fácil, mas pelo caminho onde ambos podem crescer e se tornarem melhores. 

Paty.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Jardim Secreto

Estes últimos dias estive ocupada com um antigo passatempo que havia abandonado à anos, a pintura. Sempre gostei de pintar e desenhar. Tenho ainda lápis de cor do tempo que estava saindo da infância, e acho que foi na adolescência que guardei eles e nunca mais mexi. Com essa nova onda de livros de pintar para adultos acabei reencontrando minha antiga caixa de lápis de cor e o prazer de colorir. 
Com a internet tudo fica muito fácil, inclusive foi por meio de uma rede social que tomei contato com o livro Jardim Secreto, recomendaram a notícia de que um livro de colorir estava estourando em vendas, com um propósito simples o livro alcançou milhares de pessoas, esgotou várias vezes nas livrarias mais famosas, e virou uma febre mundial. 
Logo na capa ele se descreve como livro de colorir e caça ao tesouro antiestresse, e realmente para quem gosta de pintar o livro proporciona momentos de muito prazer, o que faz minimizar muitos aborrecimentos do dia. Os desenhos são lindos, flores, folhagens, jardins, borboletas, crisálidas... o papel tem uma textura gostosa, e apesar da recomendação para usar apenas lápis de cor permite utilizar outras ferramentas, como canetinhas, giz, aquarela... 
O que me chamou atenção nesse tempo pintando foi um grupo em uma rede social dedicado à esse livro, à ele e ao livro Floresta Encantada, que é uma sequência do livro Jardim Secreto. O grupo existe para compartilhar os desenhos pintados, compartilhar dicas sobre a pintura, os materiais utilizados, e por aí vai, tem um número expressivo de participantes que passa dos 4mil, e é muita gente junto e onde tem muita gente reunida sempre existem as diferenças que aparecem nesse ou naquele post, alguns geram polêmica, outros encantamento, críticas, e alguns exageros. 
Uns dias atrás uma jovem reuniu algumas "pérolas" do grupo e escreveu em sua rede social uma pequena crítica ao que via, um texto bem inteligente e enxuto, causou um alvoroço danado no grupo, alguém logo divulgou o texto por lá e a polêmica foi gerada. A menina em resumo chamou as participantes de loucas, no meu entender não todas, mas aquelas que apresentavam comportamentos exagerados, como pagar um absurdo para aprender pintar um simples livro, ou brigar em uma loja por uma caixa de lápis de cor, acusação de fraude aos que pintam com canetinhas, comprar um faqueiro pra usar a caixa como porta lápis de cor, postar o próprio desenho dizendo estar feio para ganhar confetes, essas coisas que vira e mexe aparecem no grupo. E isso me fez pensar.
Quando acontece um surto, como foi em vendas esse livro, mais de um milhão de exemplares, gera uma especie de epidemia, nossa sociedade baseado no materialismo é extremamente consumista e claro um simples livro de pintar mexeu e muito com muita gente. Isso que chamei febre mundial, pegou quase todo mundo, e despertou sintomas em muitas pessoas, sintomas que já existiam mas que no corre corre do dia não são percebidos, mas quando direcionados tornam-se evidentes. É um corre corre por "ter", ter o melhor lápis, ter o melhor resultado, ter o reconhecimento. 
É possível identificar o quanto as pessoas andam frustradas, o quanto são competitivas, e como são levadas por critérios superficiais. Como deixam algo tão simples como pintar se transformar em uma corrida maluca. Sociedade moderna... tempos modernos, pessoas vazias.
Felizmente, existem os que entendem a vida sob uma ótica mais saudável, e utilizam o livro com o propósito proposto, ou seja, para pintar e relaxar. E que a expressão do "ser" é muito mais importante e valorosa que a expressão do "ter".
Ser quem se é com honestidade, simplicidade, empatia, e amor é o que constrói as pontes para a harmonia. Não é uma caixa de lápis de cor importada profissional que faz esse ou aquele desenho mais bonito, é o carinho da mão que segurou o lápis... é o amor que se colocou no momento da escolha da cor, não são as técnicas que vão fazer o desenho mais lindo, são os olhos de quem o aprecia que farão dele especial. Quando vejo uma criança desenhando sempre fico maravilhada, porque de um borrão surgem vários animais, prédios, pessoas, um mundo todo de possibilidades. 
Desculpem os desenhistas profissionais, que são entendedores da arte de pintar, e que sabem a importância da qualidade do material que utilizam, e que aperfeiçoam diariamente essa arte. Mas eles também sabem que para executar seu oficio com eficiência o instrumento mais importe parte de dentro deles. 

Paty