segunda-feira, 23 de março de 2020

Coronavírus - Um novo modo de viver


Quando estava escrevendo esse título me ocorreu um outro: Coronavírus um novo "medo" de viver, é isso que senti quando os efeitos dele começaram reverberar pelo mundo. Não é apenas um vírus, é um medo que alastrou pelos quatro cantos do mundo. Estamos agora todos reféns do medo, a maioria em suas casa, outra parte nas ruas, no trabalho, porque não podem estar em suas casas, uma boa parte da população precisa trabalhar, e muitos estão com "medo" porque não tem trabalho, e estão em casa sem saber como viverão daqui para frente.
Fato é que ninguém estava preparado para uma pandemia, sempre tudo começa muito tímido, pequeno em algum lugar por aí, quando muito falam o nome desse lugar e ele começa a soar familiar a coisa já tem um tamanho que não se pode conter. Esse vírus por incrível que pareça não tem letalidade grande: "Apesar dos alarmantes números de mortes, a taxa de letalidade do novo vírus não passa de 3%, menor do que a da SARS (8%) e da dengue (3,8%)". (fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/nao-ha-motivo-para-panico-coronavirus-segue-proximo-de-uma-gripe/) esse percentual mostra como ele gerou um "medo" de viver. A maior parte da população irá contrair o vírus e alguns não manifestarão os sintomas, existe uma população que inevitavelmente é mais vulnerável ao vírus e que devem se preocupar, e que infelizmente vão contrair o vírus daqueles primeiros que não manifestarão os sintomas.

Por isso o alarde para que todos "fiquem em casa", isso é tão sério porque o vírus se alastra com facilidade, e os jovens digamos mais "saúdaveis" acabam sendo hospedeiros que levam para os vulneráveis esse perigo de vida, esses jovens talvez manifestem sintomas de uma gripe comum, ou realmente nem saibam que estiveram com o vírus dentro deles. Parece um pouco louco que as pessoas precisem agora se afastar umas das outras, que elas não possam se tocar, e que o motivo para tudo isso é algo invísivel, e muito nocivo aos vulneráveis. Estamos protegendos os idosos, e aqueles que carregam algum problema de saúde como diabetes, hipertensão, entre outros. 
Além dos prejuizos economicos que viveremos também teremos que lidar com os prejuizos emocionais. Agora além do isolamento teremos que manter uma boa saúde mental. Lidar com o a incerteza sobre o futuro, a falta de controle sobre as coisas que estão acontecendo, e o fato de que teremos que estar distante daqueles que amamos, e porque? Exatamente por amar eles demais. Não vamos querer contaminar ninguém, então também não vamos nos contaminar e para isso teremos que ficar o mais possível longe das pessoas. 
É um novo modo de viver, que vai nos acompanhar ai pelo menos nos próximos meses, esperamos que tudo isso passe rápido, mas não é um pesadelo do qual se acorda e se deixa no esquecimento, não se acorda de algo assim, se vive algo assim interna e externamente, e nunca mais seremos os mesmos. E por isso é hora de olhar para tudo isso com esperança, o medo é algo que existe para nos proteger, não para nos matar. Precisamos aprender lidar com o medo, encarando ele de frente, ninguém coloca a mão no fogo, porque sabe que vai queimar, então ninguém precisa desobedecer as orientações das autoridades frente a essa pandemia, vamos obedecer por proteção. 
Vamos nos manter presentes, despertos para tudo isso, tirando disso lições valiosas. Eu estava pensando na vida corrida que eu mantinha, sempre com a agenda cheia, sempre correndo, preocupada com coisas que nesse momento não significam nada, esses dias no inicio da minha quarentena fui arrumar o guarda roupa, dobrando as peças empilhando fui percebendo quanta roupa eu tinha, agora em casa sem a necessidade de sair, percebo que não preciso de tudo aquilo, mesmo quando saia para trabalhar todos os dias, olhos os pares de sapatos nas caixas fechadas agora, tenho usado o mesmo sapato para sair, para evitar trazer contaminação, para facilitar a higiene, pois bem... não vou mais a reuniões e os salto alto estão todos lá... será que eu precisa de tantos?
Quando faço a comida, agora com tempo, percebo como eu podia ter reservado mais tempo naquela minha agenda cheia, para mim; e fico pensando em quantas vezes eu comi correndo, sem nem apreciar o sabor do alimento. Esses dias tive que sair para pegar algumas coisas na casa dos meus pais, e no caminho são 20km eu percebi aquela rodovia agora vazia de carros, um ou outro, o céu claro e muitas borboletas pelo caminho, agora elas tem espaço.
É um novo modo de viver, que cada um vai experimentar do seu jeito, cada uma vai abrir um livro pessoal, vai olhar para as páginas lá do inicio e talvez desejar agora reescrever a própria história com um enredo diferente, quem sabe você assim como eu esteja percebendo nesse caos a oportunidade de viver uma vida com mais qualidade e menos quantidade, uma vida com mais harmonia, e menos pressa, uma vida que realmente valha a pena ser vivida, num mundo onde as pessoas podem se olhar, e até se tocar, um mundo onde todos nós podemos então nos amar de verdade. 

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