Medicina & Bem-estar / Istoé independente
| N° Edição: 2138 | 29.Out.10 - 10:00 | Atualizado em 02.Nov.10 - 00:00
Cientistas testam, com sucesso, a primeira terapia genética para combater a enfermidade
Cilene PereiraTrata-se de uma fronteira completamente nova no combate à doença. Sabia-se já há alguns anos que a depressão tem um forte componente genético – ou seja, que erros no modo de atuação de determinados genes podem levar ao seu desencadeamento. Mas até hoje não havia nenhum recurso que atacasse especificamente esse problema. Os antidepressivos, junto com a psicoterapia, são atualmente os instrumentos mais utilizados. Há também, é verdade, a opção da terapia de estimulação magnética transcraniana, método indicado especialmente para os casos que não respondem adequadamente aos medicamentos. Porém, tanto os antidepressivos quanto a estimulação atuam para tentar corrigir o desequilíbrio na produção e absorção da serotonina, substância que, no cérebro, está envolvida no processamento das emoções e do humor. Limitações ao seu funcionamento, portanto, podem levar ao surgimento da doença.
Agora, é a primeira vez que um tratamento se propõe a ir mais fundo: solucionar a origem – ou pelo menos parte dela – do desequilíbrio. Nas pesquisas realizadas anteriormente, os cientistas descobriram que um pedaço do problema estava no mau funcionamento do gene p11. Ele é responsável pela produção de uma proteína do mesmo nome. Sua função é fazer com que cheguem à superfície dos neurônios os receptores de serotonina. Eles são uma espécie de fechaduras químicas nas quais a serotonina produzida se encaixa para, em seguida, penetrar nas células cerebrais. Sem eles, o corpo pode produzir toda a serotonina que quiser, mas ela não será aproveitada. Afinal, a porta dos neurônios continuará fechada para sua entrada. “Quando o gene p11 não funciona direito, é isso o que ocorre”, explicou Michael Kaplitt, um dos coordenadores do trabalho. A solução é consertar esse erro.
APOSTA
Prêmio Nobel de Medicina, Greengard
está otimista com os resultados
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