terça-feira, 30 de outubro de 2018

O livros que comecei a ler

Começo a olhar a minha volta, percebo quantos livros comprei esse ano, e fico perplexa ao constatar que terminei de ler apenas um, mas confesso que nada lembro dele, exceto o nome. E quantas coisas na vida ficaram como esses livros, foram iniciadas mas deixadas, e incompletas ficaram. Daqui a alguns dias é meu aniversário, e nessa época do ano é natural que eu fique "esquisita" eu chamo de meu "inferno astral", mas na verdade é uma crise de adaptação à nova idade, porque a nova idade trás também a constatação de que muita coisa ainda não foi feita e que existe ainda muito a fazer.
Apesar de já ter dobrado os 15 anos ainda sinto como se fosse uma jovem debutante. Talvez porque ainda esteja olhando para a vida daquele lugar, dos meus 15 anos, com tantos sonhos a realizar. Com tantos livros para começar a ler.
Vivi tantas histórias interessantes nesses anos, e sempre me pego tentando dar um final feliz a cada uma delas, agora faz sentindo olhar e perceber que deixei, sempre: tudo meio acabado, e não acabado; por isso agora essa sensação de que dá para fazer algo diferente, mas a realidade não é essa, a realidade é que foi feito o que poderia ser feito naquela ocasião, e aquele foi o fim, não o felizes para sempre, mas o fim possível para aquele momento.
"Nada acontece duas vezes da mesma maneira" essa frase não é minha, é de Crônicas de Nárnia, mas uso ela hoje para exemplificar o que sinto. Todas as histórias vividas não podem ser revividas, elas podem ser resignificadas, ou seja, podem voltar, mas de uma maneira diferente.
Pensando nesses livros todos que estão aqui sem terminar, fiquei lembrando das histórias do passado, aquelas que eu gostaria muito de resgatar, aquelas que eu comecei, mas que de alguma maneira deixei (ou sinto que deixei) meio acabadas ou não acabadas, e fiquei imaginando se hoje eu pudesse reviver alguma delas, escolhi com muito carinho e cuidado uma que gosto muito, uma jantar romântico, e percebi que se o cavalheiro em questão estivesse aqui hoje, e hoje me convidasse pro mesmo jantar, tudo seria muito diferente, por que as coisas que sei hoje, as coisas que aprendi, vivenciei, me fazem hoje uma pessoa diferente daquela de anos atrás, assim como ele com certeza está mudando pelo tempo que viveu, pelas coisas que aprendeu e experimentou da vida nesse intervalo. Nem o restaurante existe mais, por isso teríamos que procurar um novo lugar, e desse novo lugar essas novas pessoas se olhariam novamente, mas de maneira inédita, então talvez esse novo encontro não pudesse ser uma segunda chance, mas uma nova chance.
Tudo isso pra dizer que existem histórias para começar, mas que é importante saber quando uma história chega ao final, não devemos deixar histórias inacabadas nos assombrarem, amontoando poeira em nossa vida, por que é o que sinto com tantos livros pela estante, na mesa, no criado mudo, são tantas histórias a terminar. É preciso iniciar, se envolver, e então mergulhar, apreender e aprender, seguir em frente, chegar ao final, para que então novos começos surjam, ou mesmo novas maneiras de viver. Porque um livro pode ser lido quantas vezes quisermos, mas cada vez vai ser compreendido de maneira inédita, única e especialmente nova.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Liberdade


Quantas vezes deixamos de ser nós mesmos, nos perdemos em meio a correria do dia a dia, ou às exigências e carências que impomos ou são impostas. 
Peguei minha antiga "lata" de lápis de cor, ela já me acompanha desde a infância, são lápis de cor tão queridos, e aquele livro de desenhos zen para colorir, com fones de ouvido minha playlist "Shakira" que sensação boa. Éramos eu, os lápis, o livro e a música, com um vento gostoso entrando pela janela. Um tempo atrás, ainda lembro, como era difícil fazer isso, e como era dolorido estar atendendo as exigências de um outro que impunha sua vontade de que "eu" não fosse "eu" alegando o contrário. Abri mão do meu espaço e dos meus desejos, via a programas de TV que não gosto, fazia programas que não me preenchiam, e estava sempre sentindo um grande vazio.
E agora escrevendo esse pequeno texto, com uma outra playlist, começa a tocar, Highway to Hell (AC/DC), e sim, estava a caminho do inferno, mantendo um relacionamento para sentir que tinha alguém, mas me sentindo extremante solitária, sabe quando falam de solidão a dois. Foi difícil, como toda decisão que envolve rompimento é difícil de ser tomada, no começo senti falta daquilo que eu chamava de rotina, apesar dela não ser uma rotina que me fazia feliz, é curioso como demoramos a abrir mão inclusive do sofrimento, daquilo que não nos traz felicidade.
Tem poucos dias estava justamente reclamando da solidão, mas não é a solidão que me incomoda, talvez agora pude compreender isso melhor, deixei o celular distante, me permiti momentos de ócio, pude dormir quando o corpo pedia cochilo, comer quando tinha vontade, e o que tinha vontade, fazer o que me faz bem, e inclusive estudar, assisti Homem Formiga e a Vespa, legendado, que delícia, ninguém criticava, também assisti alguns episódios das minha séries favoritas, sem aquela frase ridícula, "você gosta disso?!" como se fosse um crime gostar de contos de fadas, ficção científica ou drama. E então eu percebi o que é a liberdade.
Estamos sempre procurando algo, ou alguém, a maioria de nós sente esse "vazio" esse "buraco" a preencher, essa "falta" e o que eu acabei percebendo nos últimos dias é que não existe alguém, ou alguma coisa que vá preencher esse espaço, porque na verdade esse espaço existe porque eu, você, criamos ele, criamos a ilusão de que falta algo. Enquanto na minha playlist tocava "Estoy aqui", eu ria pensando em como tudo depende única e exclusivamente de mim. 
Algumas vezes fazemos escolhas equivocadas e colocamos em nossas vidas pessoas incompatíveis para provar para nós mesmos algo improvável, por capricho, por carência, ou seja lá o que for. E na verdade a felicidade a dois só existe quando cada um consegue encontrar-se feliz com sua própria solidão, ai sim serão capazes de compartilhar, de serem livres de fato. Porque talvez para um casal ser casal, a aliança deve trazer gravada: Juntos e livres para sempre.
Então a primeira coisa a fazer é dizer "sim" à própria solidão, como diz o poeta, assim as borboletas virão, e acrescento: permanecerão.




quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Tempo em movimento


Quando encontro uma música como essa, logo sinto que não é por acaso, porque pra mim a música é uma forma dos anjos trazerem mensagens ao nosso coração. Sempre ouço o frase: "tudo tem seu tempo" e acredito muito nisso, o movimento da vida, o movimento do tempo, o tempo em movimento.
A letra dessa música é uma grande verdade. 

Tempo em Movimento
Lulu Santos, Luiza Possi
Somos
Tantos numa só pessoa
Somos o que fomos antes
E o que não seremos mais
Também
Nós já não somos
Como um dia nós sonhamos
Somos o que a vida fez de nós
Que fizemos de nós mesmos
Viver é escolher
Entre o instinto e a razão
Entre a cabeça e o coração
E os destinos da alegria e da dor
E do bem-querer
Da solidão
Nada é por acaso
Tempo
É tão pouco o nosso tempo
Pra tamanho sentimento
Que não cabe no presente
Nós somos nossa história
Nossos sonhos e memórias
Nossas ilusões à toa
Nossas emoções baratas
Viver é aceitar
Nossos bons e maus momentos
Entre razões e sentimentos
Entre o medo e o desejo de amar
Amanhecer, anoitecer
Tempo em movimento
Compositores: Nelson Candido Da Motta Filho / Luiz Mauricio Pragan Dos Santos
Letra de Tempo em Movimento © BMG Rights Management US, LLC, Sony/ATV Music Publishing LLC

domingo, 7 de outubro de 2018

O que de verdade importa

Acabo de chegar do cinema, e não poderia deixar de registrar esse sentimento que encheu meu coração, um sentimento de alegria. Muitas vezes a ficção é um reflexo da vida real, cada um de maneira particular vive seu "filme", são tantas histórias que encontramos ao longo da vida, cada pessoa trás consigo uma bagagem enorme, de experiências, vivências que valem a pena registrar, mas nem todos registram e essas histórias ficam no âmbito particular. Ao assistir esse filme me coloquei a pensar nas inúmeras vezes que deixamos de fazer algo por medo, o protagonista parecia egoísta no início, mas me coloquei a imaginar o medo que ele sentiu com a responsabilidade de ter um dom tão especial. É comum sentirmos medo do desconhecido, do diferente, do inexplicável. Somos todos curadores, cada um de uma maneira particular. Podemos curar só estando perto, só estando presente, num olhar, num gesto, numa palavra ou com uma atitude altruísta. 
Outro ponto que me sensibilizou foi o amor que nasceu da amizade, Cecilia foi uma moça prudente, sabia que aquele rapaz que chegava era um conquistador, e amor é muito mais que conquista, amor é criar um vínculo de amizade. Nenhum tipo de relação pode sobreviver sem amizade, porque é desse sentimento que todos os outros brotam, a amizade possui um nível de amor muito profundo, porque nela podemos nos comunicar de maneira verdadeira, as conquistas muitas vezes exigem uma postura de "querer agradar" o amigo não precisar "querer agradar" amizade é presença sem julgamento, sem imposição, é compaixão. 
E vendo esse filme ficou muito claro perceber que todos somos muito importantes nesse conjunto de momentos que é a vida, cada um pode levar esperança, amor, e cura ao próximo. Estar disponível para curar é acreditar que todos merecem uma chance para serem felizes, incluindo nós mesmo. Porque não existe alegria maior que ver a alegria que você pode proporcionar.