É curioso, muitas vezes buscamos oráculos para encontrar respostas às nossas questões existenciais, nem sempre são confiáveis, mas algumas vezes eles fazem um desenho daquilo que vivemos, e trazem possibilidades a estudar sobre o que viveremos. Se prestarmos atenção a vida é um oráculo vivo, se prestarmos atenção ao nosso redor vamos entender que estamos sempre recebendo mensagens, alertas, sinais de qual é o melhor caminho. Os oráculo que procuramos pela vida são apenas "muletas" para quem não se coloca a ser um bom observador.
Essa reflexão veio depois de passar muito tempo querendo entender as coisas da vida. Acordei certo dia de um sonho muito bom que me deixou muito feliz, mas era um sonho e a realidade que me despertou não era nenhum um pouco parecida com aquele sonho. Depois fiquei pensando nas coisas que ainda não realizei na vida, e fiquei questionando a minha própria vida. Sempre acreditei que as coisas acontecem por alguma razão e que nenhuma gota cai do céu por acaso, então não podia deixar de observar algumas "coincidências".
Então numa outra noite me arrumei para ir a um evento na cidade, que foi muito divertido, e me sentia radiante, meus amigos presentes, comida, música, alegria; após esse evento eu iria para uma outra festa com outros amigos numa cidade vizinha, no caminho para essa segunda festa fiquei pensando na proximidade do meu aniversário, e novamente me coloquei a pensar nas coisas que ainda não realizei. Me diverti muito na festa, mas meus pés começaram a reclamar do sapato e resolvi ir embora, mas foi curioso porque eu queria mesmo ir embora, meus pés tinha muito tempo não reclamavam tanto, então peguei uma rodovia vicinal e comecei a pensar no seguro do carro, tinha vencido uns dias antes e eu ainda não tinha regularizado, depois comecei pensar novamente nas coisas que não realizei.
Naquele horário tinha muito pouco movimento de carros naquela rodovia, um ou outro carro vindo em sentido contrário, então na metade do caminho percebo um carro vindo e assim que me vê liga o seu farol alto, isso é estranho, porque também é perigoso, começa então a dar seta e vai para o acostamento, com estranheza diminuo a velocidade, observo o movimento daquele carro, porque estava parando ali? quando volto a atenção para a pista, acendo o farol alto fica iluminado bem a minha frente dois cavalos, menos de um metro do meu carro. Era madrugada, uma penumbra, e aquele carro no acostamento, como se aguardasse o pior, seria então testemunha da grande fatalidade. Dois cavalos, no meio do caminho, uma jovem moça prestes a fazer a aniversário, cheia de sonhos e inquietações, seria assim então que a vida me deixaria?
Foi tão rápido, desviei, foi muito simples, desviei e segui. Se eu tivesse saído dez minutos depois, ou dez minutos antes daquela festa, se meus pés não tivessem doido, são tantos "se" que me acompanharam o resto do trajeto. E "se" aquele tivesse sido o último dia, e "se" não existissem mais sonhos. E "se" eu não pudesse ver as pessoas que eu amo, e se aquele carro não tivesse me feito diminuir a velocidade.
Cheguei em casa agradecida, e viva, e pensando então nas coisas que não realizei, e coloquei então a cabeça no travesseiro, e comecei a pensar em todas que eu já realizei, e em tudo de bom que já vivi, e tive a certeza de que não seriam dois cavalos que impediriam de acreditar nos meus sonhos e na possibilidade de realizar cada um. Aqueles cavalos me mostraram que a vida não pode ser controlada, ela só pode ser vivida, a vida é como um rio, que flui em direção ao grande mar. Estamos todos aqui seguindo para o desconhecido, o profundo desconhecido, e devemos fazer isso sem expectativas, porque a vida nos surpreende, e então se estivermos preparados e atentos desviaremos dos perigos sempre que eles se apresentarem, e seguiremos, buscando pela vida.
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