quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Primavera está chegando, é o final do inverno que esse ano particularmente foi extenso, ainda faz frio por aqui, mas já é possível ver as novas folhas nas árvores e alguns ipês floridos. Todos os dias quando pego estrada fico olhando as árvores da paisagem, a pastagem e acredito que estou aprendendo a reparar no ciclo da natureza, que é o ciclo mais sábio e perfeito que existe.
E não é só na paisagem que tenho prestado atenção, também estou olhando para a vida com um olhar diferente, mais amadurecido talvez. Dizem que o inverno é um tempo de interiorização, essa estação fria permite que fiquemos mais quietos, recolhidos.
Para mim em especial, nesse ano, o inverno foi de movimento e busca, estive buscando desesperadamente por mim. É difícil tentar encontrar consigo mesmo, porque você está o tempo todo com você, mas não se olha, não se vê, não se ouve, e muito menos se percebe; e então quando você finalmente percebe que a coisa mais importante que você tem é você mesmo, e quando você se permite: se ver, se ouvir, se sentir, então finalmente você pode se sentir inteiro.
Comigo foi mais ou menos assim nesse inverno, nessa busca desesperada pude encontrar quem eu sou, enfrentei desafios de diversos tipos, me coloquei fora da minha zona de conforto, e foi incrível a experiência, incrível fazer uma mala para passar uma semana fora, uma semana entre desconhecidos, sozinha, sem referencia; e o maior desafio era: ser eu mesma. Pela primeira vez na minha vida, foi tão fácil ser eu, falar de mim, estar comigo. Também nesse inverno iniciei um novo empreendimento, e eu estava tão feliz, tão empolgada, claro estava também cheia de medos, e ainda sinto alguns medos, mas continuo feliz, feliz porque eu entendi que a vida é correr riscos. E como eu me arrisquei nesse inverno, busquei a liberdade de ser quem eu sou, explorei ao máximo meu potencial, e da maneira que eu pude corri atrás do que eu podia, e aprendi também nesse inverno que a minha liberdade termina quando se inicia a do outro, não posso obrigar ninguém a me amar, mas posso amar incondicionalmente e sem julgamentos, mas isso exige desapego.
Esse inverno também me trouxe saudade, saudade de um outro inverno, de tempos atrás, quando oito anos atrás eu estava também buscando desesperadamente por mim, e curioso foi a mesma sensação, a liberdade de ser quem eu sou, e como foi gratificante saber que há oito anos atrás, em um inverno, eu pude levar amor para a vida de alguém.
Agora está chegando a primavera, com certeza as flores virão lindas cheias de cor e perfume, e acredito que essa primavera vai ser diferente, depois desse inverno diferente, porque coisas surpreendentes simplesmente acontecem, é assim como a palavra serendipity, inesperadamente algo mágico acontece.